2006-06-29

CORRER RISCOS...

Rir... é correr o risco de parecer tolo.
Chorar... é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão... é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos... é correr o risco de mostrar seu verdadeiro EU.
Defender seus sonhos e ideias diante da multidão... é correr o risco de perder as pessoas.
Amar... é correr o risco de não ser compreendido.
Viver... é correr o risco de morrer.
Confiar... é correr o risco de se decepcionar.
Tentar... é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada!

Pessoas que não se Arriscam:
Podem evitar sofrimentos e desilusões, mas não conseguem nada.
Não sentem, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente as pessoas que correm riscos são livres.

"Os barcos estão seguros, se permanecem no porto.
Mas não foram feitos para isto ".


Autor Desconhecido

2006-06-23

Porque não pedir o Mundo ?

Cinco, quatro, três, dois, …
Pois, não passámos do dois.
Mas deixemos os relatos infelizes para depois.
Estivemos quase,
mas quase não sei se chega.
Mandámos vir champagne e deu-se a tragédia grega.
Como é que se diz? Foi por um triz
que nós não pusemos os pontos nos is.
Nabice? Preguiça? Alguém faltou à missa?
Qualquer coisa lhes deu, não sei bem o que foi.
Sei é que fizemos um grande campeonato mas na final não jogámos um boi.

Um boi?!
Foi ou não foi?

Corremos, marcámos, merecemos,
saltámos, sofremos e fizemos sofrer.
Fizemos o possível enquanto houve combustível
e metemos o que havia para meter.
Como é que uma equipa com talento, magia
e um futuro de que tanto se disse,
está disposta a deitar fora a energia
e se conforma em estar na história como "vice"?
Nada disso!
O tuga, que até hoje só provou que consegue ser segundo,
Vai, por isso, deixar de ser chouriço
e assumir o compromisso de ser campeão do mundo.

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Há quem diga que Portugal não está em forma,
modesto por norma, faz-lhe falta um safanão
que nos faça de uma vez acreditar
que entre os que podem ganhar
está a nossa selecção.
A fasquia está alta? Não faz mal, Portugal salta
com milhões a empurrar.
Até pode parecer louco, mas para nós segundo é pouco
E um louco não se deve contrariar.
Será demais pedir o mundo?
O que pedimos, no fundo, são ainda menos ais.
Porque todos se lembram do campeão
Mas não dos que são derrotados nas finais.
Ficar nos dois primeiros não tem mal nenhum,
É preciso é que fiquemos no número um.
Vamos apagar da história essa final de má memória
e vão ver que ninguém topa.
Porque eu posso estar errado, mas que eu saiba, em qualquer lado,
o melhor do mundo é o melhor da Europa.

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Repete-se o refrão, a história é que não.

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais.

É o retrato de um país aplicado ao futebol.
Tem tudo o que é preciso, só perde por ser mole.
Toca a acordar, pessoal!
Queremos mais garra,
deixar de ficar felizes quando a bola vai à barra.
Vamos com tudo, meter o pé, chutar primeiro,
Que o último a chegar é calaceiro.
Ter medo deles? Isso era dantes!
Vamos embora encher de orgulho os emigrantes.
Sem esquecer que nas grandes emoções
quando grita um português, gritam logo 15 milhões.

Heróis de Berlim, nobre povo…
Não tinha graça cantar um hino novo?
Escrito pelo pé de artistas
que vão alargar as vistas à nação verde e vermelha.
Ficar em segundo? Nem morto!
Ganhar ou perder é desporto? 'Tá bem abelha!
Venha a Alemanha, o Brasil ou a Argentina
com cabelos de menina e cara de lobo mau,
se calham a apanhar-nos pela frente e viram as costas à gente… TAU!

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Repete-se o refrão, a história é que não.

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Seja no chão, pelo ar, de cabeça ou calcanhar,
de tabela, nas laterais ou no miolo…
Vai Ronaldo, finta um , finta dois, pode remataaaar… golo!!!

(É esta a vantagem da ambição,podes não chegar à lua, mas tiraste os pés do chão.)

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Repete-se o refrão, a história é que não.

Corre mais, joga mais,
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais

Marca mais, chuta mais
Menos ais, menos ais, menos ais,
Quero ainda mais


Hino de apoio à Selecção Nacional da Galp Energia
Da Weasel

“A fim de serdes verdadeiramente filhos do vosso Pai […], pois Ele faz brilhar o sol sobre os pecadores e sobre os justos”

Numerosas são as minhas ofensas e ultrapassam toda a conta,
Mas nem por isso tão espantosas como a tua misericórdia.
Múltiplos os meus pecados,
Mas sempre diminutos, comparados com o teu perdão. […]

Quem poderá lançar a treva
Sobre a tua luz divina?
Poderá uma reduzida obscuridade rivalizar
Com os teus raios, grande como és?
Poderá a concupiscência do meu frágil corpo
Ser comparada com a Paixão da tua Cruz?

O que serão aos olhos da tua bondade,
Deus Omnipotente,
Os pecados de todo o universo?

São como uma bolha de água
Que, à queda da tua chuva abundante,
Logo desaparece. […]

Tu fazes brilhar o sol
Sobre os justos e os pecadores
E chover sobre todos indistintamente.

Uns vivem em grande paz, na expectativa da recompensa; […]
Mas, àqueles que preferiram a terra,
Perdoas-lhes por misericórdia,
E dás-lhes, como aos primeiros, um remédio de vida,
Esperando sempre que a Ti regressem.


Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge e poeta arménio
Livro de orações, nº 74

2006-06-12

Seguindo a Estrela

No Passado dia 10 de Junho, Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas, o GUERSAN CicloTurismo fez-se á estrada para chegar á Torre na Serra da Estrela, ponto mais alto do nosso país.

Já havíamos feito por outras alturas a ligação Aveiro/Seia. Mas desta vez alguns dos nossos companheiros aventuraram-se, depois dos 115 km desta ligação, a fazer a subida até à Torre. Apesar de todos os elementos do grupo terem alcançado a primeira meta, Seia, a subida revelou-se de tal forma difícil que apenas 2 dos nossos, António Vale e “Laranjinha”, alcançaram o ponto mais alto de Portugal.

Este passeio veio também revelar algumas patologias que têm vindo a fragilizar o nosso grupo ao longo dos últimos meses. Todos concluímos que é hora de colocar os problemas em cima da mesa, reflectir acerca deles, tirar conclusões sérias e com base nelas traçar um projecto consistente para o futuro do nosso grupo. Só assim poderemos chegar mais longe.
Nesta linha o “Laranjinha”, que neste dia foi nomeado “Presidente da Assembleia”, vai agendar um encontro do grupo para que em conjunto possamos sanar as feridas que nos vão inquietando.

Na certeza de que, pedalada a pedalada, podemos chegar onde nunca pensamos ser possível.

DS

2006-06-06

Onde está Deus?!


Domingo, encerrando sua viagem de quatro dias à Polónia, o papa Bento XVI fez uma visita carregada de emoção ao antigo campo de concentração nazista de Auschwitz. O próprio papa disse que fazer tal visita era "estarrecedor" para ele, como cristão e alemão, mas não podia deixar de fazê-la. Num gesto de grande sensibilidade, o papa optou por falar em italiano, e não em sua língua materna, o alemão, a fim de não ferir os sentimentos dos judeus, para quem a língua alemã está inextrincavelmente associada aos horrores da era nazista.

Ao rezar durante uma cerimónia religiosa em memória das vítimas do Holocausto, o papa perguntou, com a voz embargada: "Por que, Deus, o Senhor se calou? Como pôde tolerar tudo isto? Onde estava o Senhor naqueles dias?"

Quando nos deparamos com o mal e a tragédia no mundo, é natural perguntarmos: onde está Deus? Como Ele pode deixar que tal coisa aconteça?

A meu ver, porém, não são estas as perguntas primordiais. O que nos devemos perguntar não é onde está Deus, mas, sim, onde está o homem. Não como pode Ele, Deus, permitir que tais coisas aconteçam, mas, sim, por que ele, o homem, permite que essas coisas aconteçam. O que é que o ser humano tem feito para impedir as barbaridades?

O biógrafo de Sigmund Freud conta o caso de um importante cirurgião vienense que, ao se encontrar com Freud pela primeira vez, num corredor do hospital onde ambos trabalham, lhe mostrou um osso corroído pelo câncer, testemunho de uma vida que ele tinha sido incapaz de salvar, e lhe disse sentir-se profundamente magoado: "Sabe, doutor Freud, se algum dia eu me encontrar frente a frente com Deus, vou sacudir este osso em Sua face e perguntar-Lhe por que Ele permite uma doença destas." E Freud respondeu-lhe: "Se eu, algum dia, tiver essa oportunidade, vou formular a queixa de um modo diferente. Não vou indagar por que Ele permite o câncer, e sim por que Ele não deu a mim, ou ao senhor, ou a qualquer outra pessoa, a inteligência para descobrir a cura desta doença."

Antes de perguntarmos "onde está Deus", cabe-nos formular a outra pergunta: "Onde está o homem?" O que está fazendo o homem com o mundo que Deus lhe deu?

A 2ª Guerra Mundial e os campos de concentração constituem o maior desafio à teologia em nossa época. Creio que todas as religiões deveriam rever seus conceitos, tendo em vista o que Auschwitz e Treblinka nos ensinaram sobre Deus e o homem.

Quando Hitler proclamava publicamente sua perversa política racial, por que as pessoas concordaram em aceitá-lo como líder? Onde estava o homem quando os eleitores da Alemanha disseram: "Antes Hitler, com suas idéias esquisitas sobre os judeus, do que a inflação ou o socialismo"? Onde estava o homem quando Hitler subiu ao poder e começou a concretizar suas loucas ameaças? Onde estavam os advogados, os juízes, os médicos e tantos outros que seguiram e apoiaram passivamente os decretos de Hitler?

Se os advogados tivessem lutado pela dignidade de sua profissão, se os juízes tivessem defendido a justiça, se os médicos se tivessem importado com a vida humana, não haveria necessidade de perguntar mais tarde: "O que houve com Deus?"

Onde estava a Igreja? Onde estavam as autoridades eclesiásticas, tão prontas para exaltar a santidade da vida humana, enquanto milhões e milhões de vidas inocentes estavam sendo aniquiladas? Onde estavam os líderes dos governos aliados que deram um jeito de olhar para o outro lado e não conseguiram encontrar um canto em seus países para os judeus refugiados? Temos, certamente, o direito de perguntar onde estava Deus em 1940, mas temos o dever de perguntar, antes, onde estava o homem em 1940. O que poderia ele, homem, ter feito para impedir o inferno do Holocausto... e não fez?

Existe uma lenda sobre um rabino que se preparava para viajar de Israel para Roma. Na noite anterior à sua partida, ele teve um sonho no qual viu um mendigo esfarrapado sentado às portas de Roma. No sonho, ele ouviu uma voz que lhe dizia: "Vê este homem? Este é o Messias vestido de mendigo." O rabino acordou e não conseguiu mais esquecer o sonho. Continuou a pensar nele durante toda a viagem. Finalmente, ao aproximar-se de Roma, avistou um homem maltrapilho, sentado exatamente no local que havia visto no sonho. O rabino chegou-se a ele e questionou: "É verdade que você é o Messias?" E o homem respondeu: "Sim." O rabino, então, perguntou: "O que é que você está fazendo às portas de Roma?" E o homem replicou: "Estou esperando." Ao que o rabino retrucou: "Esperando?! Num mundo tão cheio de miséria, ódio e guerra, num mundo onde o povo de Israel está disperso e oprimido, num mundo onde existem crianças famintas, você está aqui, sentado, esperando?! Messias, pelo amor de Deus, o que é que você está esperando?" E o Messias respondeu: "Tenho esperado por você, para poder lhe perguntar, em nome de Deus, o que é que você está esperando."

A visita do papa Bento XVI a Auschwitz, no domingo, o fez reviver um capítulo muito doloroso da História humana. Diante das lápides simbólicas naquele local em que ocorreu o maior massacre de todos os tempos, o papa sentiu a necessidade de perguntar onde estava Deus enquanto a bestialidade nazista agia impune.

Com todo o respeito, permito-me responder ao Sumo Pontífice: Deus estava onde sempre esteve, esperando que os homens assumissem o seu dever.


Henry I. Sobel, rabino, é presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista e coordenador da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico, órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil