2006-11-23

Europa sem Cristianismo coloca em risco o seu futuro

A Europa colocará em risco o seu futuro se recusar as suas raízes cristãs. A convicção é de George Weigel, intelectual católico e autor da obra "O Cubo e a Catedral: Europa, América e a Política sem Deus"
(Aletheia, 2006).

De passagem por Portugal, Weigel conversou com a Agência ECCLESIA sobre o que pensa das relações entre a Europa e a América, o futuro do Ocidente, as convicções religiosas e o exercício da actividade política.
Para este autor, uma sociedade apenas terá a dimensão que tiverem as suas "aspirações espirituais". Por isso mesmo, alerta para o facto de, em finais do século XIX, os líderes culturais europeus terem considerado consideravam que era necessário abandonar o Deus da Bíblia para que a libertação humana fosse possível, tendo como resultado "duas guerras mundiais e sistemas totalitários".
Hoje, no entanto, o cenário não se modificou e muitos continuam a não querer assumir a herança do Cristianismo, como se viu na discussão em volta da nova Constituição Europeia. "Um problema do futuro, não de reconhecimento do passado", assegura Weigel.

O autor norte-americano trouxe até Portugal uma profunda preocupação em relação ao "problema europeu", cujo ponto mais visível é a crise demográfica que atravessa o Velho Continente, cada vez mais velho, de facto. "A Europa está a morrer, os números dizem isso de forma muito clara", assinala George Weigel, pasmado com a "insistência" na legalização do aborto num Continente com taxas de natalidade em quebra constante.

O teólogo católico lamenta a preponderância que ganhou o modelo francês de laicidade, na Europa, mas admite que a América não passou pela experiência do combate à religião. Nesse sentido, deixou como exemplo o "caso Buttiglione" para frisar que alguém ser impedido de exercer cargos de governo por motivo das suas convicções pessoais seria impensável na América.
George Weigel lamenta que as "convicções católicas tradicionais" sejam vistas, cada vez mais, como formas de "discriminação" e condena o facto de as pessoas serem convidadas a deixar de lado as suas "convicções mais profundas" para assumirem cargos políticos.

Biógrafo de João Paulo II, Weigel tem uma opinião muito positiva sobre o actual Papa, Bento XVI, e saúda os seus esforços para que os cristãos aprendam a ser "uma minoria criativa".